Quando meu filho nasceu, eu estava a milhares de quilômetros de casa. Morando em Portugal, longe da minha família e da rede de apoio que sempre imaginei ter nesse momento, me vi imersa no puerpério de um jeito intenso. Eu já esperava noites mal dormidas, cansaço e um turbilhão de emoções, mas o que realmente me pegou de surpresa foi o quanto o meu filho precisava estar no meu colo – o tempo todo.
No começo, confesso que me perguntei: “Será que estou fazendo algo errado? Será que ele nunca vai dormir longe de mim?”
Foi então que, em uma madrugada de buscas no Google, descobri a teoria da exterogestação. Segundo essa teoria, os bebês humanos nascem ainda muito imaturos, quase como se fossem “prematuros” naturais. Diferente de outros mamíferos, que já nascem mais independentes, nós, humanos, precisamos de um período extra de adaptação ao mundo fora do útero – e esse período acontece no colo, no aconchego, no contato constante com a mãe. Faz sentido, né? Durante nove meses, meu bebê esteve sempre protegido dentro de mim, ouvindo meu coração, sentindo meu movimento. Como poderia, de repente, ser colocado sozinho em um espaço frio e silencioso e simplesmente “acostumar”?


O que fazer então?
Foi aí que encontrei meu maior aliado: o sling. No começo, tive dificuldade para aprender a amarrar aquele tecido comprido – parecia impossível que aquilo seguraria meu bebê com segurança. Mas, depois de algumas tentativas (e o apoio de uma consultora de babywearing), encaixei meu pequeno ali, bem pertinho de mim. E foi incrível. Ele dormiu, tranquilo, como se finalmente tivesse encontrado o lugar certo no mundo.
Com o sling, minhas mãos estavam livres para comer, pegar um copo d’água, ou até andar um pouco pela casa. Mas, mais do que isso, ele trouxe uma paz imensa para mim e para o meu filho. Eu entendi que colo não era um “mau hábito”, mas sim a necessidade mais básica de um recém-nascido.
Hoje, olhando para trás, vejo como essa experiência me ensinou algo precioso: bebês não pedem colo por manha, nem para nos testar. Eles pedem colo porque precisam, porque nascer é uma transição gigantesca e assustadora, e o colo da mãe (ou de quem cuida) é o lugar onde o mundo faz sentido. Caso você queira saber de onde vem esse mito deixo aqui o link desse artigo bem interessante: o Mito do Bebê Manipulador: A História Por Trás do Deixe-o Chorar.
Se eu pudesse dar um conselho para qualquer mãe de primeira viagem, seria este: não tenha medo de dar colo. Seu bebê não está “acostumando mal”, ele só está se acostumando a estar aqui, nesse mundo novo e cheio de desafios. E um dia, antes que você perceba, ele vai soltar suas mãos e sair explorando sozinho. Até lá, que privilégio é ser o porto seguro de alguém. Mãe é casa!