A maternidade e as mudanças no corpo têm um impacto profundo e emocional na vida da mulher. A maternidade nos transforma de tantas formas que, às vezes, nem conseguimos reconhecer a mulher que éramos antes. O corpo muda – cresce, se expande, abriga uma nova vida. Depois, encolhe, se adapta, busca um novo equilíbrio. Mas, além das transformações físicas, há algo que poucas falam: a exposição que a maternidade traz para o corpo materno e o impacto emocional disso.
O corpo exposto e o emocional vulnerável
Durante a gestação, são incontáveis os exames, toques, avaliações. O corpo se torna um espaço de investigação, muitas vezes sem que nos perguntem como nos sentimos em relação a isso. No parto, esse corpo se entrega por completo. No puerpério, ele ainda não pertence totalmente a nós – ele amamenta, sustenta, acolhe. Para muitas mulheres, essa exposição pode ser desconfortável, especialmente se já havia uma relação difícil com o próprio corpo antes da maternidade.
A teoria da imagem corporal, desenvolvida por Paul Schilder, explica que a forma como percebemos nosso corpo é influenciada por experiências passadas, pela cultura e pelo meio social. Durante a maternidade, essa imagem pode ser profundamente desafiada, pois há mudanças físicas abruptas e uma nova função sendo atribuída ao corpo materno. Além disso, a Teoria do Apego, de John Bowlby, nos mostra que a segurança emocional da mãe influencia diretamente seu vínculo com o bebê. Quando a mulher sente vergonha ou desconforto com seu próprio corpo, isso pode impactar sua autoestima e até a forma como se relaciona com a maternidade.

Se há algo que a maternidade ensina, é que o corpo materno não precisa se encaixar em padrões. Ele é forte, generoso, vivo. Mas aceitar isso pode ser um processo desafiador. Se a mulher carrega inseguranças, traumas ou expectativas irreais sobre o próprio corpo, esse período pode ser ainda mais difícil emocionalmente. O cansaço, a privação de sono, as demandas constantes podem amplificar sentimentos de inadequação, culpa ou desconforto.
Por isso, mais do que nunca, a maternidade pede um olhar gentil para si mesma. O corpo que gera, nutre e acolhe merece respeito e cuidado – não comparações cruéis ou cobranças impossíveis. A autocompaixão, conceito estudado por Kristin Neff, pode ser uma ferramenta essencial nesse momento. Exercícios de aceitação corporal, práticas de mindfulness e apoio psicológico podem ajudar a ressignificar essa relação.
Se você está vivendo essa fase, saiba que seu corpo merece carinho, paciência e reconhecimento. E que a forma como você se sente em relação a ele importa tanto quanto qualquer outra necessidade materna. Você não está sozinha.